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Vazio Sanitário e calendarização da semeadura são medidas importantes para o combate ao fungo

Identificada pela primeira vez no Brasil em 2001, a Ferrugem Asiática é considerada a principal praga da cultura da soja. Causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é uma doença severa que impede a completa formação dos grãos, com consequente redução da produtividade (GODOY et al., 2016).

De acordo com o Consórcio Antiferrugem, o impacto da Ferrugem-Asiática é de US$2,8 bilhões por safra no Brasil. Por isso, desde 2001 ela é constantemente monitorada e pesquisada por vários centros de pesquisa, públicos e privados, que estudam maneiras de combater e diminuir o impacto da Ferrugem-Asiática no cultivo da soja no país. Além disso, o monitoramento e sua identificação em estágios iniciais são essenciais para o controle eficiente.

Este monitoramento deve ser feito de maneira abrangente, com atenção especial às primeiras semeaduras e em locais de maior acúmulo de umidade nas lavouras, uma vez que o processo de infecção acontece de acordo com a quantidade de água livre na superfície da folha, por no mínimo 6 horas, e no máximo com 10 a 12 horas de molhamento foliar. O clima também é um fator de risco, onde temperaturas entre 15º e 28º favorecem a infecção, bem como chuvas bem distribuídas ao longo da safra.

Sintomas da Ferrugem-Asiática

Folha de Soja Atingida por Ferrugem Asiática Folha de Soja Atingida por Ferrugem Asiática. Foto: Rafael Soares

A ferrugem-asiática se apresenta como pequenos pontos escuros na folha, com a formação de estruturas reprodutivas no verso da folha. Para confirmar a presença do fungo, deve-se observar o verso da folha a presença de pequenas saliências, parecidas com bolhas ou feridas minúsculas, que podem ser observadas com o auxílio de uma lupa. Essas saliências são as estruturas reprodutivas causadoras do fungo.

É possível confirmar a infecção da ferrugem-asiática induzindo a formação das estruturas reprodutivas colocando as folhas em um saco plástico com um papel ou algodão umedecido dentro, depois soprar um pouco de ar dentro do saco e prender com um elástico, fazendo uma espécie de balão. Assim, de 12 a 24 horas de incubação o fungo produzirá mais saliências no verso da folha.

Técnicas de manejo e controle da ferrugem-asiática da soja

O manejo e o controle da ferrugem-asiática visa diminuir os impactos na produtividade causados pelo fungo. Existem diferentes estratégias que devem ser adotadas de maneira conjunta, são elas: o vazio sanitário, a utilização de cultivares precoces e a semeadura no início da época recomendada, o uso de cultivares com gene(s) de resistência e o uso de fungicidas. Cada uma dessas estratégias tem objetivos diferentes, que em conjunto, trabalham para aumentar a produtividade da lavoura. Confira cada um dos métodos:

Vazio Sanitário

Uma das estratégias de manejo e controle da ferrugem-asiática é a adoção do vazio sanitário de no mínimo 60 dias sem soja no campo durante a entressafra. O fungo P. pachyrhizi sobrevive e se multiplica com a presença de plantas vivas, por isso, o vazio sanitário tem como objetivo reduzir a sobrevivência do fungo durante a entressafra. Com isso, é possível atrasar o aparecimento da ferrugem-asiática na safra, o que diminui a proliferação nos estágios iniciais do desenvolvimento da soja e reduz o número de aplicações de fungicidas.

Utilização de cultivares precoces e a semeadura no início da época recomendada

Após o término do vazio sanitário, as primeiras semeaduras podem apresentar sintomas da ferrugem-asiática. Com o avanço da safra, o fungo pode se proliferar para as semeaduras tardias e aumentar a necessidade do uso de fungicidas. Por isso, é feita uma calendarização da semeadura da soja, que é a determinação de uma data-limite para o plantio e que tem como objetivo reduzir o número de aplicações de fungicidas ao longo da safra e reduzir a pressão de seleção de resistência do fungo aos fungicidas. Atualmente, sete estados produtores de soja no Brasil adotam a calendarização de semeadura: Goiás, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina, Tocantins, Bahia e Mato Grosso do Sul.

Cultivo de gene de resistência

cultivar de soja com gene resistente à ferrugem asiática Cultivar de soja com gene resistente à ferrugem asiática.

Esta é uma importante ferramenta de manejo da doença, pois as cultivares com gene(s) de resistência à ferrugem-asiática da soja sofrem menos com perda de produtividade e ajudam a reduzir a pressão de seleção para resistência do fungo aos fungicidas. 

A lesão que o fungo causa nas plantas com o gene de resistência possui coloração marrom-avermelhada e de tamanho maior que a lesão causada à folhas não resistentes. A diferença é que em cultivares resistentes, existe pouca ou nenhuma formação de estruturas reprodutivas, o que impede ou limita o seu desenvolvimento.

As cultivares resistentes não são imunes ao fungo, porém a adoção desta medida combinada às outras estratégias diminui a aplicação de fungicidas.

Uso de Fungicidas

O controle químico da doença com aplicações de fungicidas deve acontecer no início do aparecimento dos sintomas ou de forma preventiva. Para realizar o controle preventivo deve-se levar em consideração as condições favoráveis ao aparecimento do fungo (presença do fungo na região, idade da planta e clima favorável), a logística de aplicação (disponibilidade de equipamentos e tamanho da propriedade) e também a presença de outras doenças, bem como o custo do controle. 

Os fungicidas podem ser classificados em sítio-específicos (ativos contra um único ponto de via metabólica de um patógeno ou contra uma única enzima ou proteína necessária para o desenvolvimento do fungo) e multissítios (que atuam em diferentes pontos metabólicos do fundo e apresentam baixo risco de resistência). 

Sendo uma doença de alto impacto no cultivo da soja, as estratégias de manejo e controle devem ser combinadas entre si para ter um resultado satisfatório em relação à produtividade da safra.

Fonte: Boas práticas para o enfrentamento da ferrugem asiática da soja Embrapa

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